sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Produtor de Reginaldo Rossi vai manter banda do cantor

Sandro Nóbrega trabalhou 25 anos intensos com o Rei do Brega


 / Foto: Guga Matos/JC Imagem

Sandro Nóbrega é casado com Simone, sobrinha de Celeide, mulher de Reginaldo Rossi. Há 25 anos, ele trabalhava como cinegrafista na TV Itapoá, na Bahia, era amigo do cantor, e não relutou em aceitar o convite que este lhe fez para gerenciar as Lojas Rossi, que o cantor abriu no Recife: “Uma ficava em Boa Viagem, outra no Centro. Foi ainda no Governo Sarney, logo depois veio o Plano Collor, e a empresa faliu. Simone, minha mulher, passou a trabalhar como secretária de Reginaldo, e eu me tornei seu empresário”, conta Sandro.
Foram anos intensos, “que dariam um romance”, diz Sandro Nóbrega. Como todo romance, os bons momentos foram intercalados por período de vacas magras, de euforias, e muitas aventuras: “Viajei com Reginaldo pelo Brasil inteiro. Quando Garçom estouro no final dos anos 90, fizemos as grandes casas de shows do Rio e São Paulo, o Metropolitan, o Olympia, e ao mesmo tempo fomos aos lugares mais distantes do Norte. Para chegar a algumas cidades, navegamos as veze três horas de barco pelo rio. Uma vez em Macapá, ele teve um problema de labirintite, foi hospitalizado. Ficamos três dias por lá. Noutra cidade, no Norte, a luz só chega a uma parte dela. Ficamos no lado que não havia energia”.
Dava mesmo um romance, com trechos de comédia, como num episódio acontecido em Belém, que Reginaldo Rossi costumava contar. Ele cantava As raposas e as uvas, quando um ano invadiu o palco, e agarrou-se em sua perna. Rossi continuou a cantar, fazendo gestos para Sandro, que estava ao lado do palco, para tira-lo. O empresário relutava em entrar, não sabia que o que fazer. E o anão continuava agarrado à perna e Reginaldo, que continua a cantar, porém cada vez mais impaciente. A situação ficava insustentável. Até que no meio da canção, Rossi perdeu a esportiva, e bradou: “Sandro, porra, tira este anão daqui!!!!”:
Sandro conta o resto da história: “Eu não tirei, quem tirou foram os seguranças. Reginaldo contava a historia, mas não dizia que o anão foi uma brincadeira dos boys de lá. Pagaram pra ele fazer aquilo. Alguns anos depois a gente reencontro o anão lá em Belém, no show de Reginaldo”. Aparentemente tranquilo, sem luxos, Reginaldo Rossi, no entanto, fazia questão da qualidade do som de palco: “Tim Maia morreu e deixou Reginaldo no lugar. Das poucas vezes que discuti com ele foi por causa das reclamações sobre o som. Felizmente, isto acabou com o tempo, com a melhoria dos equipamentos. Hoje em qualquer cidade tem som de boa qualidade”
Para viagens mais curtas, eles iam de automóvel, Sandro dirigindo, com Reginaldo ao lado, e a banda vinha numa van. Outra coisa que ele exigia sempre era cantar com sua banda: “Ele gostava de viajar assim. Era onde escutava mais música, o que eu botava no toca discos do carro. Em casa não ouvia. Nem tinha o costume de gravar as ideias que lhe surgiam. Nem gravava nem anotava nada. Por isso não ficaram canções inéditas de Reginaldo”, diz Sandro lembrando que o cantor queria fazer um disco este ano.
O disco era mais um hábito do que propriamente mais uma fonte de renda: “Depois da pirataria, companhias de disco afundaram, tornaram-se praticamente distribuidoras. Mesmo assim Reginaldo conseguia interessar as gravadoras. Os dois últimos DVDs fez por gravadoras, sem custos pra gente. Ele ainda faturava bem de direitos autorais,mas a renda vinha mesmo dos shows. No final, estava muito bem, diminuímos a quantidade de shows, em compensação aumentamos o valor do cachê”, conta o empresário.
Ele como todos que conviviam com Reginaldo Rossi foram pegos de surpresa quando o médico alertou para a gravidade do seu quadro clínico: “Ele viajava ao meu lado, conversávamos muito e, no máximo, ele se queixava de cansaço, que eu atribuía aos cigarros, ele fumava muito. Eu resumiria o fim assim: Reginaldo fumou o último cigarro, fez o ultimo show e se foi”. 

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