Testemunha diz que PMs botaram arma na mão
de vítima em Rocha Miranda
O delegado da 40ª DP (Honório Gurgel) Marcus Antônio Neves vai investigar se PMs do 9º BPM (Rocha Miranda) executaram dois jovens numa moto na Rua das Turquesas, em Rocha Miranda, na última terça-feira. Segundo os PMs, Alan de Souza Pereira, de 20 anos, e Gleberson Nascimento Alves, de 28, foram mortos após um tiroteio. Entretanto, uma testemunha contou ao EXTRA que os quatro jovens, dois em cada veículo, foram surpreendidos por uma série de disparos quando voltavam de Irajá. De acordo com o relato do homem, os PMs não teriam nem abordado os jovens: os disparos começaram porque os policiais confundiram a peça da moto com um fuzil.
— Foi uma execução. Não houve abordagem, não teve conversa. Eles ouviram os tiros e logo aceleraram. Depois que os dois mortos foram atingidos, os policiais viram que ninguém estava armado e montaram uma cena. A farsa é clara, porque botaram uma arma na mão direita do Gleberson, que é canhoto — contou a testemunha, que vai prestar depoimento na 40ª DP na próxima segunda-feira.
Um dos disparos de fuzil acertou a testa de Alan, que dirigia a moto. A mesma bala saiu pela nuca do motorista e acertou o pescoço de Gleberson, que segurava a peça. Na ocasião, outro homem foi baleado na perna e levado para o Hospital estadual Carlos Chagas e um quarto fugiu. Após a ocorrência, os PMs contaram na 29ª DP (Madureira) que as vítimas fariam parte de um grupo que praticava assaltos na região. Segundo registro de ocorrência, foram apreendidos a peça da moto, dinheiro e um a pistola. As armas dos policiais foram apreendidas pela Polícia Civil para perícia.
Na segunda-feira, um homem registrou ocorrência na 40ª DP afirmando que havia sido assaltado por dois homens numa moto. Segundo o relato, os assaltantes teriam levado dinheiro e documentos. Chamado à delegacia para reconhecer os assaltantes, o homem afirmou que não conseguiu fazer a identificação porque os bandidos usavam capacete na hora do assalto.
— A ocorrência foi feita na 29ª DP, mas o procedimento foi enviado nesta sexta-feira para a 40ª DP. Vamos ouvir policiais, familiares, vítimas e testemunhas. O objetivo da investigação é saber em que circunstância as mortes ocorreram e se houve um confronto — disse ao EXTRA o delegado Marcus Antônio Neves.
Em nota divulgada no dia seguinte ao das mortes, a PM alega que “PMs do 9º BPM realizavam patrulhamento na Avenida dos Italianos na, altura da Fazenda Botafogo, e desconfiaram de duas motos com quatro ocupantes. Os suspeitos resistiram à abordagem policial e dispararam contra a viatura. Houve breve troca de tiros que terminou na Rua das Turquesas, onde dois suspeitos foram mortos”.
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